terça-feira, 28 de abril de 2009
Rochas metamórficas
Os minerais que constituem as rochas são mais estáveis em ambientes semelhantes àqueles que estiveram presentes durante a sua formação. Quando essas condições se alteram, os minerais podem experimentar transformações.
Os minerais podem ser transformados originando diferentes texturas e/ou associações, devido a novos arranjos de partículas, ocorrendo desta forma a recristalização.
Alguns minerais são mesmo específicos de ambientes metamórficos e podem caracterizar as condições presentes num determinado contexto metamórfico. De entre esses minerais podemos citar a clorite, a estaurolite, a silimanite, a granada, a cianite, a andaluzite e o epídoto.
A presença de minerais permite inferir das condições de pressão e temperatura em que decorrem os processos metamórficos. Os minerais que permitem caracterizar essas condições são designados minerais-índice.
Tendo em conta ainda as condições de pressão e temperatura que estiveram presentes na formação de uma dada rocha metamórfica, pode considerar-se o metamorfismo de baixo, médio e alto grau.
Fig. 1 - Imagem com os tipos de rocha e os minerais: a ardósia é uma rocha de baixo grau; o filito é uma rocha de transição entre o baixo grau e o médio grau; o micaxisto (não representado) é uma rocha de baixo grau; o ganisse é uma rocha de alto grau.
Metamorfismo (factores)
Tensão
Quando se aplica uma força numa determinada área diz-se que o material está a sofrer um estado de tensão.
Podem então considerar-se dois tipos de tensão que as rochas estão sujeitas no interior da Terra:
Tensões litostáticas - esta tensão resulta da tensão exercida pelo peso da massa rochosa suprajacente; é exercida de igual modo em todas as direcções, para profundidades de 3 km; origina a diminuição do volume dos materiais rochosos, consequentemente aumenta a sua densidade.
Tensões não litostáticas - este tipo de tensão resulta das forças tectónicas (compressivas, distensivas, cisalhamento); produzem uma orientação preferencial dos minerais, que ficam alinhados perpendicularmente à direcção da força.
Calor
À medida que se vão afundando, as rochas vão sofrendo a influência do calor interno da Terra. Calor esse que afecta a mineralogia e a textura de uma rocha, de um modo significativo. O facto da temperatura aumentar quando a profundidade aumenta não é suficiente para que as rochas se fundam, no entanto são provocadas alterações nos seus minerais constituintes. Estabelecem-se então novas ligações atómicas, surgem novas redes cristalinas, ou seja, novos minerais. A este processo dá-se o nome de recristalização.
Outra fonte de calor importante nos processos metamórficos é as intrusões magmáticas. Quando o magma se instala nas rochas suprajacentes, sobreaquece-las originando um processo metamórfico.
No entanto, se as rochas estiverem sujeitas a temperaturas próximas dos 800ºC, os materiais entram no domínio magmático.
Fluidos
Durante o processo metamórfico as rochas podem estar em contacto com fluidos circulantes como por exemplo água. Estas soluções vão reagir com as rochas provocando a sua alteração ao nível da sua composição química e mineralógica.
Tempo
É também necessário considerar o tempo como um dos factores relevantes para a formação de rochas metamórficas visto que os fenómenos relacionados com o metamorfismo são bastante lentos.
Deformação das rochas - Dobras (continuação)
Relativamente à posição espacial das dobras estas podem ser:
Antiforma - apresentam uma abertura voltada para baixo;
Sinforma - apresentam uma abertura voltada para cima;
Dobra neutra - abertura orientada lateralmente.
Quando é possível a identificação da idade das camadas estas podem ser:
Anticlinal - quando o núcleo de uma antiforma é ocupado pelas formações mais antigas;
Sinclinal - quando o núcleo de uma sinforma é constituído pelas camadas mais recentes.
Fig. 3 - Imagem de duas anticlinais e uma sinclinal.
No trabalho dos geólogos é necessário encontrar no espaço determinadas superfícies planares como uma superfície de estratificação, um plano de falha ou um plano axial.
Na definição dum dado plano no espaço é necessário então determinar a sua atitude, ou seja, saber qual a direcção e inclinação:
Direcção - é o ângulo entre a linha N-S e a linha de intersecção do plano dado com o plano horizontal;
Inclinação - é o ângulo definido entre a linha de maior declive da superfície planar considerada com um plano horizontal. O valor deste ângulo varia entre 0º e 90º.
domingo, 19 de abril de 2009
Estruturas geológicas originadas por deformação: dobras e falhas
Falhas
As falhas são superfícies de fracturas onde ocorreu um movimento relativo entre dois blocos. Os diferentes elementos geométricos que caracterizam uma falha são:
- Plano de falha – superfície de fractura ao longo da qual ocorreu o movimento dos blocos;
- Rejecto – Distância entre dois pontos que anteriormente à actuação da falha estavam em contacto;
- Tecto – Bloco que se encontra acima do plano de falha (bloco superior);
- Muro – Bloco que se encontra abaixo do plano de falha (bloco inferior);
- Direcção da falha – alinhamento horizontal do plano de falha;
- Inclinação da falha – ângulo definido entre o plano da falha e um plano horizontal.
Fig. 1 - Diferentes elementos que constituem uma falha (faltam alguns elementos na imagem, como: a inclinação da falha, direcção da falha e o rejecto) - (imagem extraída de: CienTIC).
De acordo com o movimento relativo entre os dois blocos da falha (tecto e muro), existem três tipos de falhas:
Falha normal – Tecto desloca-se para baixo relativamente ao muro (ângulo obtuso entre o plano de falha e o plano horizontal). Resultam de tensões distensivas, como as que existem em zonas divergentes de placas.
Falha inversa – Tecto desloca-se para cima relativamente ao muro (ângulo agudo entre o plano de falha e o horizontal). Resultam da actuação de tensões compressivas, nomeadamente em zonas convergentes de placas.
Falha de desligamento – São falhas resultantes da acção de tensões cisalhantes. O movimento pode ser lateral direito ou lateral esquerdo e paralelo à direcção do plano de falha. Ocorrem frequentemente em limites conservativos de placas.
Fig. 2 - Tipos de falhas que se podem encontrar em estruturas geológicas (imagem extraída de: CienTIC).
As falhas normais e as falhas inversas ocorrem quando o deslocamento dos blocos se dá ao longo da inclinação do plano de falha enquanto que as falhas de desligamento ocorrem quando o movimento é ao longo da direcção do plano de falha.
Dobras
As dobras correspondem a alterações da forma e da dimensão dos blocos rochosos que manifestam um comportamento dúctil face às forças a que estão sujeitos. Tal como nas falhas é possível identificar nas dobras elementos que permitem a sua caracterização:
- Zona de charneira – Zona que contém os pontos de máxima curvatura da superfície dobrada;
- Flancos – Região plana da dobra situada de um e do outro lado da zona de charneira;
- Eixo da dobra – Linha imaginária de separação dos flancos da dobra; na prática corresponde à linha imaginária que está na intersecção dos dois flancos da dobra.
- Plano axial - Superfície imaginária que contém as linhas de charneira de todas as superfícies dobradas; muitas vezes podem ser um plano de simetria da dobra;
- Perfil da dobra - Secção perpendicular ao eixo da dobra.
Deformação das rochas
Há milhões de anos, que a energia proveniente do interior da Terra provoca a deformação da litosfera. Processo esse que tem sido responsável pela formação das cadeias montanhosas.
A dinâmica da própria litosfera origina forças tectónicas que tendem a deformar os materiais rochosos. Esta deformação pode traduzir-se pelo aparecimento de falhas e dobras nas estruturas geológicas.
As rochas que integram a litosfera, encontram-se sujeitas a forças de tensão. Tensão esta que é considerada a força exercida por unidade de área. Se a mesma força for aplicada em duas superfícies distintas, cada uma delas com diferentes áreas, a tensão aplicada será maior quando a área considerada for menor (vice-versa).
Um estado de tensão pode expressar-se segundo duas componentes, por tensão normal e por tensão cisalhante (tensão de corte). As tensões normais podem ser consideradas compressivas (limites convergentes) ou distensivas (limites divergentes).
Fig. 1 - Diferentes tipos de tensões existentes (imagem extraída de: CienTIC).
A deformação pode corresponder a alterações no volume ou a alterações de forma, ou a ambos, simultaneamente. Para cada tipo de tensão ocorre um tipo de deformação. Existem então diferentes tipos de estados de tensão:
Fig. 2 - Estruturas tectónicas originadas pela actuação de diferentes tipos de tensões (imagem extraída de: CienTIC).
Comportamento mecânico das rochas
O resultado da deformação de estruturas geológicas, depende de características estruturais das rochas como a pressão e a temperatura a que estão sujeitas.
O comportamento dos materiais quando sujeitos a estados de tensão pode ser elástico ou plástico.
Comportamento elástico – a deformação é reversível e proporcional ao estado de tensão aplicado. Quando a tesão é cessada, o material recupera a forma inicial.
Comportamento plástico – acima do limite de elasticidade (ponto de cedência), a alteração de forma ou de volume dos materiais mantém-se de modo permanente, ou seja, a deformação é irreversível, o material não volta ao seu estado inicial mesmo que cesse a actuação da tensão. Nestes casos, devido à actuação contínua da tensão, as rochas atingem o limite de resistência máxima (limite de plasticidade), entrando em ruptura.
Resumindo, a resposta dos materiais geológicos desde a superfície até profundidades entre os 15 km e os 20 km, traduz-se num comportamento elástico, seguido de ruptura. Diz-se, neste caso, que a deformação ocorre em regime frágil. Nestas circunstâncias, a deformação pode originar falhas.
A profundidades mais elevadas e sob a acção de grandes tensões, as rochas entram, normalmente, em ruptura mais facilmente – comportamento elástico. Neste caso, a deformação diz-se que ocorre em regime dúctil. Nestes casos, tendem-se a formar dobras como resultado das forças de tensão aplicadas.
Diferentes factores, como a temperatura, tensão (tensões litostáticas e não litostáticas), pressão, composição química e mineralógica e o teor em água, variam com a profundidade, provocando diferentes condições que afectam o comportamento dos materiais geológicos.